REPORTAGEM EXCLUSIVA : DO VALE TV (REPÓRTER CAIO AUGUSTO) E O A VOZ DO VALE
Uma adolescente procurou a delegacia, na sexta-feira, dia 29 de maio, para denunciar um professor por assédio sexual, em Avaré. O caso foi apurado com exclusividade em parceria do A Voz do Vale com o Do Vale Notícias, programa jornalístico da Do Vale TV. Outra jovem usou uma rede social para também denunciar o homem.
A reportagem vai preservar o nome de todos os envolvidos, pois um boletim de ocorrência foi lavrado e o caso será investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e o a denúncia envolve menores de idade.
Segundo relato da jovem, na quarta-feira, dia 27 de maio, o professor, em conversa através de aplicativo Whatsapp, fora do horário de aulas e de forma particular, enviou uma mensagem para a adolescente com conteúdo a princípio estranho, pois na mensagem o professor falava que estava se sentindo carente.
Segundo ela, após essa mensagem, seguiram outras, onde o professor dizia ter sonhado com a menor, que havia sentido “vontades” e afirmava que estava flertando com ela, fazendo ela se sentir agredida e assediada pelo professor.
O diretor da unidade escolar foi procurado pelos pais e relataram o caso. Ele aconselhou que a denuncia fosse registrada.
A menina apresentou vários “prints” de conversas com o professor, onde há parte do conteúdo descrito, e informa que possui em seu telefone celular todas as conversas.
OUTRA JOVEM – Após a denúncia, outra jovem, de 20 anos, decidiu também denunciar o caso. Em um relato emocionante publicado em uma rede social neste sábado, dia 30 de maio, a e 20 anos, ela também denunciou o professor. Na época dos fatos, ela tinha 16 anos.
Na publicação, a jovem da detalhes sobre tudo que ocorreu na época. “Há quatro anos, quando eu tinha 16 (anos), estava no final de uma aula e o professor virou e falou: ‘me chama depois, quero conversar com você’, e saiu da sala. Não tinha nada demais naquela fala, mas eu fiquei intrigada e o chamei no facebook a noite. Foi quando ele começou a dar em cima de mim, falando algo sobre eu estar usando batom diferente nos últimos dias. Eu achei aquilo um absurdo, mas deixei quieto”.
Ela destacou ainda que o professor voltou a assediá-la. “Alguns dias depois ele voltou a falar comigo e eu me embolei no discurso dele. E lá se foram 5 meses de minha vida. Eu achei que aquilo seria um romance. Sabia todos os horários dele, pensava nisso o dia todo. Abri mão de coisas que eu gostava por causa dele”.
Na postagem, a jovem acredita que mais meninas teriam sido assediadas. “Não sei explicar como isso aconteceu, só sei que eu recebia mesmo migalhas. Ele já tinha feito isso com, talvez, dezenas de outras alunas antes e depois de mim.
Ela revelou ainda que “todos” na escola saberiam o que o professor estava fazendo. “Todos na escola sabiam o que ele fazia. Havia um boato de que ele pegava uma menina de cada turma. Ele vivia repetindo que: ‘acima de 14 (anos), com consentimento, não é crime’, para quem quisesse ouvir e ninguém fazia nada. Toda vez que ele me fazia chorar ou ficar muito mal, eu apagava tudo. E isso aconteceu muitas vezes. Ele fazia eu me sentir um nada, uma boba, insuficiente”.
“A última vez ele falou pra mim que tinha saudades da ex, e aquilo acabou com minha cabeça. Depois disso eu nunca mais olhei na cara dele e dei graças a Deus por não termos aula com ele no terceiro (ano)”, completou.
Ela disse que demorou para entender o que estava ocorrendo e que o abuso teria sido no psicológico. “Eu demorei muito tempo pra entender o que estava acontecendo. O abuso que eu sofri não foi físico. Foi profundamente psicológico. Eu desenvolvi uma necessidade absurda de agradar o tempo todo e aceitar menos que nada como retorno… Eu não entendia a magnitude da situação, de como ele era um criminoso nojento”.
A jovem revelou ainda que o caso vem afetando sua vida. “Tudo isso é extremamente doloroso pra mim. Eu já tive crises no meu relacionamento atual, 4 anos depois, porque eu achava que iria continuar sendo tratada da mesma forma. Hoje, finalmente temos uma prova contra ele, e tudo o que eu quero é que ele pague pelo o que fez comigo e outras meninas incríveis. E só por causa disso, dessa chance de acabar de uma vez por todas com essa história, que hoje eu tenho coragem de levantar a voz e contar o que aconteceu comigo”.
Por anos eu me senti culpada, com raiva de mim por ter sido tão idiota. Mais eu tinha 16 (anos), e ele era mais velho que o meu pai. Hoje eu sei que toda essa angústia que eu senti não foi contra mim, mas por ele ter sido tão manipulador, tão canalha e fazer isso de novo e de novo. Mas hoje a história mudou, e ele vai cair”, finalizou.
Informações dão conta que outras meninas, que também teriam sido assediadas, estariam dispostas a denunciar o professor.
OUTRO LADO – A reportagem conseguiu contato com o professor. Por mensagem de whatsapp, ele somente destacou que irá se manifestar somente após falar com seu advogado.
A pena para o crime de assédio é de 1 a 2 anos de prisão, mas como a vítima é menor de 18 anos, a pena pode ser aumentada em um terço.