O PODEMOS, partido que é comandado pelo ex-vereador Marcelo Ortega, não faz mais parte do grupo que sustentava a pré-candidatura de Alexandre Monteiro a prefeito de Avaré. Vídeos publicados em redes sociais e áudios vazados contribuíram para o “racha”. Antes das polêmicas, o grupo era formado pelos partidos: PRTB, PSC, PSL e PODEMOS.
Segundo apurado pelo A Voz do Vale, os desentendimentos teriam iniciado com a pressão que Monteiro sofreu para mudar a legenda que disputaria as eleições. Informações dão conta que ele teria apalavrado que concorreria nas eleições municipais deste ano pelo PODEMOS.
No início de junho, dirigentes de outro partido do grupo teria se levantado e abandonado uma reunião, em sinal de descontentamento, na qual ficou decidido que Monteiro seria candidato pelo Podemos.
De acordo com o que foi levantado pelo A Voz do Vale, Alexandre Monteiro enviou seus documentos pessoais, inclusive o título de eleitor para um cadastro prévio de filiação do Podemos. Segundo fontes do Podemos, Marcelo Ortega enviou os dados do pré-candidato Alexandre Monteiro para representantes da sigla em São Paulo.
No início de julho, Ortega publicou um vídeo onde a deputada federal, Renata Abreu, que também é presidente nacional do partido, fala da pré-candidatura de Monteiro pelo PODEMOS. O fato gerou mal-estar entre os demais partidos que emitiram uma nota oficial.
Os três partidos afirmam que a publicação teria sido uma atitude isolada do PODEMOS e de Ortega e que teria gerado um desconforto. “Esclarecemos à população que a divulgação tanto da nota quanto do vídeo foi uma atitude isolada do PODEMOS e de seu presidente, não sendo um consenso entre os membros dos 3 partidos, o que veio a nos causar um enorme desconforto”, destaca a nota.
Para Ortega, a atitude de Monteiro teria sido uma traição. “A publicação do vídeo revelou a absoluta ausência de capacidade de honrar os compromissos assumidos. Publiquei o vídeo porque era meu dever e não aceito “ordem” antidemocrática, simulada e absurda de não publicar um vídeo que acabou vinculando o compromisso de filiação do Monteiro ao Podemos e que foi desmentido vergonhosamente por ele mesmo. Inacreditável.”, disse o ex-vereador.
A reportagem teve acesso a uma mensagem onde Monteiro afirma que seria inviável uma candidatura com ele e Ortega, sendo do mesmo partido, e que, por isso, o vice seria do PRTB, indicando assim que concorreria nas eleições municipais pelo PODEMOS.
“Como todos sabem nossa coligação tem 4 partidos, por isso, a candidatura minha com o Marcelo de vice ficou inviável pelo fato de nós dois sermos do mesmo partido. Portanto, o vice será do PRTB”, escreveu Monteiro.
No vídeo da deputada Renata Abreu, Monteiro teria colaborado encaminhando a arte de sua pré-candidatura a prefeito.
O A Voz do Vale também teve acesso aos documentos pessoais que Alexandre Monteiro enviou ao presidente do Podemos e um áudio encaminhando as informações.
Diante desta situação, o PODEMOS deixou o grupo de apoio a Alexandre Monteiro.
ÁUDIO – Um áudio vazado e que circula em aplicativos de mensagens colocou mais fogo na polêmica. “O líder do PODEMOS exigia que nós postássemos um vídeo de apoio a candidatura, que foi feito pela deputada Renata Abreu e nessa condição eu consultei alguns amigos advogados que me recomendaram e orientaram a não postar o vídeo ainda, para evitar qualquer problema. Diante disso eu recomendei, deixei expressamente resolvido na reunião que não postaria o vídeo e os outros partidos, todos, ficaram de acordo. Na segunda-feira seguinte o líder do partido, Marcelo Ortega, ele postou o vídeo nas redes sociais, o que desagradou uma ordem que eu havia dado, assim como os outros três partidos. Diante disso eu não tive mais condições de permanecer com a palavra de sair candidato pode PODEMOS. Não vamos gastar vela com defunto ruim”.
NOTA DO PODEMOS – Nesta terça-feira, dia 28 de julho, o PODEMOS emitiu uma nota se pronunciando sobre o assunto.
Na nota, o líder do PODEMOS em Avaré destaca que desde 2013 Monteiro iniciava a vida pública. Confira a nota na íntegra:
“O Podemos de Avaré, escolhido e posteriormente preterido pelo pré-candidato Alexandre Monteiro, por suas próprias e respeitadas razões, torna público que se desligou do grupo que ajudou a formar por não haver ambiente para permanência.
Sempre estendi as mãos para o Alexandre Monteiro. O primeiro contato foi quando ele me procurou em 2013 desejando ser o presidente do COMJUVE (Conselho Municipal da Juventude) e iniciar na vida pública. Acreditei e indiquei o Monteiro para ser o presidente do COMJUVE, criado por mim através de lei municipal para dar voz aos jovens de Avaré.
Num segundo momento, recebi o Monteiro no Podemos como pré-candidato a prefeito e abrimos espaço para ele viabilizar sua pretensão de governar a cidade. Pegaram-nos de surpresa as atitudes de Alexandre Monteiro, tendo em vista que mobilizamos nossa força partidária para apoiá-lo e vínhamos trabalhando dedicadamente para isso.
Não é necessário muito esforço para entender que um vídeo de apoio da presidente nacional do partido, algo benéfico para o pré-candidato que precisava alavancar sua pré-candidatura, não tem potencial de implodir um grupo. Ingênuo é quem acredita nessa fantasiosa versão.
Quem, em sã consciência, em uma campanha acirrada como é a de prefeito, desprezaria um apoio desse nível partidário e usaria um vídeo que só lhe deu apoio, para justificar o rompimento com os compromissos antes assumidos?
Na construção democrática de uma candidatura dessa importância não se pode admitir a pretensão absurda de “dar ordens”, como se em um grupo tivessem superiores e subalternos, quem manda e quem obedece. Essa confusão é perigosa para a democracia e cria um descompasso em qualquer projeto político. Não é isso que o Podemos prega. Pregamos o diálogo, a participação, o respeito, a transparência e a lealdade. A nova política não significa apenas um rosto novo, mas atitudes coerentes.
Como presidente do Podemos e líder dessa importante agremiação me recuso a cumprir ordens desrespeitosas e antidemocráticas. Tenho compromissos partidários e jamais me curvarei à pretensão de imposição ou manipulação, seja de quem for.
Desejamos boa sorte ao Alexandre Monteiro. Que esse episódio sirva de reflexão e amadurecimento para todos.
O Podemos de Avaré é maior do que essa crise da qual foi vitima e se reagrupou após essa grande decepção. Estamos unidos, livres, com nossa autonomia preservada e independente para iniciar conversação com outros grupos e lideranças que respeitem nossos ideais, que estabeleçam laços de diálogo fraterno e democrático e que caminhem leais e unidos em busca de um propósito comum: transformar Avaré em uma cidade melhor para todos”.
Ortega revelou a reportagem que o PODEMOS vem estudando qual caminho deverá seguir nas eleições municipais de 2020.