22/01/2020
A Prefeitura de Avaré estaria descumprindo uma recomendação do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP/SP) para a retirada de 200 toneladas de amianto que, há 30 anos, está armazenada de forma irregular na antiga indústria da Auco Componentes Automobilísticos.
Em 2017, o MP recebeu uma denúncia no qual relatava que o prefeito Jô Silvestre não teria cumprido uma ordem judicial a fim de adotar providências necessárias para a retirada do material cancerígeno gerado pela produção de pastilhas de freio que era fabricado pela empresa.
Sempre que foi questionada pelo MP, a Prefeitura sempre que não configurava como pólo passivo na ação. Porém, em outubro de 2017, foi instaurado um Inquérito Civil, a fim de apurar suposto dano ambiental e de uma possível omissão do município na fiscalização.
Após analisar o caso, foi solicitado o arquivamento da denúncia, porém a Superior Colenda do Ministério Público, tendo em vista “a gravidade dos fatos apurados”, determinou que a administração do prefeito Jô Silvestre promova a “total limpeza do local contaminado”, sob pena que o processo seja reaberto para reexame acerca da responsabilidade da Prefeitura sobre o caso.
PROBLEMA – Há 30 anos, a cidade ainda sofre com o armazenamento irregular de toneladas de amianto, material cancerígeno que provoca várias doenças nos seres humanos.
O depósito de amianto, que fica localizado em um barracão abandonado as margens da Rodovia João Mellão (SP-255), e a 400 metros do córrego do Camargo, ainda é motivo de preocupação. O material pertenceu a uma empresa que foi desativada em 2010.
Durante a administração do ex-prefeito Rogelio Barchetti (2009-2012), com apoio de deputados, foi retirado parte das 200 toneladas que estavam na indústria e enviadas para um aterro legalizado em Tremembé, no Vale do Paraíba. No entanto, grande parte do amianto continua no local e pode afetar os moradores.
O barracão está em ruínas e centenas de sacos repletos do material cancerígeno estão expostos. A área do barracão foi cercada e algumas placas instaladas pela Prefeitura avisam do perigo de contaminação no local.
Em março de 2013 uma comitiva avareense, formada pelo prefeito Poio Novaes, por Rico Barreto, que respondia pela pasta do Meio Ambiente, além do vereador Barreto do Mercado, estiveram em São Paulo em audiência com o então secretário de Estado do Meio Ambiente, Bruno Covas.
Durante a audiência, o chefe do executivo avareense solicitou apoio na remoção do amianto. Na oportunidade o deputado Marcos Martins salientou a importância do pedido, uma vez que o material depositado representa sério risco de contaminação ao meio ambiente, porém nenhuma atitude foi tomada até o momento.
HISTÓRIA SEM FIM – Desde a falência da empresa Auco, o destino das toneladas de amianto que sobraram da fabricação de pastilhas de freio automotivas é uma questão que vem atravessando as várias administrações. O assunto já foi tema de várias reportagens, que cobraram do Poder Público uma solução para o caso, já que a substância é considerada contaminante pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e foi banida nos Países de Primeiro Mundo devido aos efeitos cumulativos e cancerígenos que provoca no ser humano.
Várias reuniões e debates foram realizados sobre o problema, mas até hoje nenhuma solução mais efetiva foi adotada. Um dos períodos em que o assunto mais ganhou notoriedade foi na gestão do ex-prefeito Wagner Bruno, quando Marcos Boock era o titular do Meio Ambiente.
Ele afirmava, na época, que o amianto não é tão ofensivo à saúde, e que também durante todo esse tempo não foi constatado nenhum tipo de contaminação, a pessoas ou ao meio ambiente.
OUTRO LADO – O A Voz do Vale questionou a Prefeitura sobre as medidas que o município estaria adotando para solucionar o problema, porém o executivo, até o momento, não se manifestou.