Uma jovem de 26 anos fez um desabafo nas redes sociais relatando que ela e sua família sofreram preconceito durante o período de isolamento domiciliar em Avaré, interior paulista, por ter a suspeita de estar infectada com coronavírus. Até o momento, permanecem confirmados apenas dois casos da doença no país, ambos no estado de São Paulo.
No depoimento, Yasmin Nicolielo relata que foi ao pronto-socorro da cidade no dia 26 de fevereiro depois que começou a apresentar sintomas leves de gripe. Após fazer o exame e ficar em observação, ela afirma que teve fotos espalhadas em grupos para que moradores evitassem contato e até comentários ofensivos nas redes sociais.
“É incompreensível o quanto as pessoas destilaram ódio gratuito com a notícia do caso suspeito. É claro que não preciso expor aqui o quanto batalho diariamente para conquistar cada um dos meus sonhos. Mas, peço mais amor. Hoje, o vírus covid-19, infelizmente, já está no Brasil. A próxima pessoa com suspeita, ou até mesmo com o vírus, vai ser culpada de que? De sair para ir trabalhar? Porque eu fui culpada por viajar, por realizar um sonho”, publicou.
Ao G1, a moradora de São Paulo relatou que esteve na Europa no início no mês para passar as férias e chegou da Itália no dia 17 de fevereiro. Em seguida, foi para Avaré, cidade da mãe, para passar o carnaval.
Ao ter os sintomas, decidiu ir até um pronto-socorro no dia 26, onde foi orientada a não retornar para a capital até ter o resultado.
“Como voltaria de ônibus, não pude retornar para São Paulo. Tive que ficar isolada na casa da minha mãe sem contato com a minha filhinha de 4 anos. Só com máscara todos os dias. Fiquei com medo por poder ter passado para meus familiares antes de ir para o isolamento doméstico, principalmente minha filha”, conta.
Segundo ela, após ser divulgado o caso suspeito, uma irmã chegou a ser convidada a não ir para a escola e soube que suas fotos estavam sendo compartilhadas em grupos de motoristas por aplicativo.
“Quando a notícia saiu começaram a destilar ódio. Li pessoas falando que a família toda teria que ser isolada. Minha irmã foi gentilmente convidada por uma professora a não ir para a escola, mesmo às vésperas do TCC e sem ter nenhum sintoma de gripe. Li pessoas falando que isso era coisa de rico, como viajar para fora e trazer doença para os pobres”, afirmou.
“Chegaram a espalhar áudio falando que o Samu tinha me buscado em casa e que o Samu que tinha confirmado. Absolutamente nada a ver. Comecei a ver quantas fake news se espalharam”.
NEGATIVO – Ainda de acordo com a jovem, o laudo apresentou negativo para coronavírus e H1N1 nesta segunda-feira (2). Com o resultado, ela pôde retornar para a capital. “Graças a Deus. Estou doida pra voltar ao normal ao trabalho”, diz.
Apesar de ela afirmar que o resultado ser negativo, a Secretaria Municipal de Saúde de Avaré ainda não se manifestou sobre o caso.
Com informações do G1