O domingo, dia 19 de abril, foi marcado por uma manifestação em Avaré. Alguns munícipes se reuniram por volta das 11h em frente ao parque da Emapa e saíram em carreata até o Tiro de Guerra, em uma manifestação a favor de Jair Bolsonaro, pedindo a intervenção militar.
Aglomerados em meio à pandemia do coronavírus, os populares seguravam cartazes pedindo a volta do AI-5. Alguns participantes estavam sem máscaras e usavam as cores da bandeira brasileira. Alguns vídeos do protesto foram publicados em redes sociais.
No momento que entoaram o Hino Nacional, várias pessoas estava próximas. Idosos e crianças dividiam o mesmo espaço. “Covid-19 vendo essa aglomeração de idosos”, destaca a internauta V.W. em uma rede social.
Para o munícipe C.C., o ato teria sido uma vergonha para os avareenses. “Até onde vai a ignorância do ser humano?”, questionou.
Alguns foram favoráveis ao protesto. Outro pedido do grupo é que o decreto que fechou os comércios da cidade seja revogado.
Um outro protesto está marcado para ocorrer na segunda-feira, dia 20 de abril, em frente ao Paço Municipal. O ato está marcado para ocorrer às 11 horas e os manifestantes também pedem que o prefeito Jô Silvestre descarte o decreto do governador João Dória e que determine a abertura do comércio e o reinício das atividades nas empresas e indústrias.
OUTROS LOCAIS – Houve manifestações em diferentes pontos do país, como Porto Alegre, Salvador e Manaus, além de um início de concentração em São Paulo, onde a carreata estava prevista para o início da tarde. Os manifestantes pedem também a volta ao trabalho e a reabertura do comércio. Há discursos em defesa do isolamento vertical, quando só os grupos de risco ficam em casa.
Depois de almoçar na casa do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o presidente Jair Bolsonaro se dirigiu ao quartel-general do Exército, onde estava parada uma carreata dos manifestantes. O grupo era formado por algumas centenas de pessoas, muitos com faixas pedindo um novo AI-5 e intervenção militar. Ao verem Bolsonaro chegar, os manifestantes se aglomeraram para ouvir o presidente.
Em cima da caçamba de uma caminhonete, Bolsonaro discursou contra o que chamou de velha política. “Chega da velha política. Agora é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. “Nós não queremos negociar nada. Nós queremos ação pelo Brasil” — afirmou o presidente.
Bolsonaro tem incentivado os protestos. No sábado (18), o presidente também deixou o Alvorada para se encontrar com apoiadores. No alto da rampa do Palácio do Planalto, esperou a chegada de uma carreata formada por ativistas católicos contrários ao aborto. Em seguida, o mandatário desceu a rampa e se reuniu com os simpatizantes.
AI-5 – O Ato Institucional nº 5, conhecido usualmente como AI-5, foi um decreto emitido pela Ditadura Militar durante o governo de Artur da Costa e Silva no dia 13 de dezembro de 1968. O AI-5 é entendido como o marco que inaugurou o período mais sombrio da ditadura e que concluiu uma transição que instaurou de fato um período ditatorial no Brasil.
O AI-5 não deve ser interpretado como um “golpe dentro do golpe”, isto é, não deve ser visto como resultado de uma queda de braços nos meios militares que levou um grupo vitorioso a endurecer o regime. Ele deve ser enxergado como o resultado final de um processo que foi implantando o autoritarismo no Brasil pouco a pouco no período entre 1964 e 1968. Foi a conclusão de um processo que visava a governar o Brasil de maneira autoritária em longo prazo.
O AI-5, na visão das historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, “era uma ferramenta de intimidação pelo medo, não tinha prazo de vigência e seria empregado pela ditadura contra a oposição e a discordância. Já o historiador Kenneth P. Serbin fala que, por meio do AI-5, as forças de segurança do governo tiveram carta branca para ampliar a campanha de perseguição e repressão contra a esquerda revolucionária, oposição democrática e Igreja.
Esse ato institucional foi apresentado à população brasileira em cadeia nacional de rádio e foi lido pelo Ministro da Justiça, Luís Antônio da Gama e Silva. Contava com doze artigos e trazia mudanças radicais para o Brasil. Por meio desse decreto, foi proibida a garantia de habeas corpus em casos de crimes políticos.
Também decretou o fechamento do Congresso Nacional, pela primeira vez desde 1937, e autorizava o presidente a decretar estado de sítio por tempo indeterminado, demitir pessoas do serviço público, cassar mandatos, confiscar bens privados e intervir em todos os estados e municípios.
Por meio do AI-5, a Ditadura Militar iniciou o seu período mais rígido, e a censura aos meios de comunicação e a tortura como prática dos agentes do governo consolidaram-se como ações comuns da Ditadura Militar. (Fonte: Brasil Escola)