Durante a audiência pública da saúde, realizada na manhã de sexta-feira, dia 28 de maio, foi revelado que o Pronto Socorro Municipal ficou sem médicos para atender a população, depois que alguns profissionais teriam se negado a voltar a trabalhar na unidade.
Diante da falta de médicos, a coordenadora do Pronto Socorro, Lucimara Trevizam, registrou um boletim de ocorrência na delegacia.
Segundo informações reveladas durante a audiência pública por uma servidora da saúde, os médicos da empresa Infomed Gestão de Saúde e Serviços Médicos, teriam se negado em trabalhar. “A Lucimara Trevisan não veio a audiência porque está fazendo um boletim de ocorrência. Devido a tudo que aconteceu no Pronto Socorro, os médicos não querem trabalhar e eles disseram que em Avaré eles não vão ficar, não vão trabalhar”.
A servidora revelou que a empresa teria sido notificada e teria sido solicitado a rescisão do contrato. “Foi feita uma notificação com a empresa e foi solicitada a rescisão do contrato e vai fazer um (contrato) emergencial agora de uma empresa. Eles (médicos) não querem trabalhar lá, dizendo que a pressão é muito grande de toda a população, dos vereadores”.
Funcionários que iriam participar da audiência tiveram que se ausentar para buscar médicos na rede básica para prestar os serviços no Pronto Socorro. “O pessoal saiu da audiência para tirar dois médicos da rede (básica) para colocar no Pronto Socorro para tentar amenizar a situação”.
Uma reunião foi realizada na manhã desta sexta-feira (28) entre o prefeito Jô Silvestre, o secretário da Saúde, Roslindo Machado, e com servidores do setor.
Um contrato emergencial estaria sendo elaborado para a contratação de uma nova empresa de forma emergencial. “Ela foi chamada pelo prefeito, pois estão fazendo um decreto municipal para restrição e circulação de pessoas e medidas mais rígidas a serem adotadas de urgência”.
Hoje o Pronto Socorro conta com 29 pacientes com Covid internados aguardando vaga na Santa Casa de Misericórdia. O local ainda com 4 urgências clinicas e 2 intubados na urgência, porém, não haviam médicos no local.
EXCLUSIVO – Na quinta-feira, dia 27, o A Voz do Vale publicou com exclusividade que a empresa Infomed Gestão de Saúde e Serviços Médicos Eirelli, responsável para a realização de plantões médicos de urgência e emergência no Pronto Socorro Municipal, não estaria cumprindo o contrato firmado com a Prefeitura de Avaré.
Informações dão conta que o contrato prevê 5 médicos atendendo entre as 7 e às 19 horas, sendo 3 clínicos Geral e 2 pediatras. Já entre às 19 horas e às 7 horas, são 3 médicos, sendo 2 clínicos e 1 pediatra. Porém, a empresa não estaria conseguindo médicos para prestar os serviços no município.
O contrato foi firmado em novembro de 2020 e tem validade até novembro de 2021, no valor de quase R$ 5 milhões, sendo quase R$ 420 mil mensais. Segundo dados do Portal da Transparência, entre janeiro e maio de 2021, a Prefeitura já repassou mais de R$ 1,6 milhão para a empresa.
Informações dão conta ainda que a coordenadora da empresa, a médica Andressa Machado, filha do secretário da Saúde, Roslindo Machado, teria pedido demissão da função. “Desde quando assumiram, não estão cumprindo o contrato e está tudo lindo e maravilhoso. Se a Andressa (coordenadora) saiu, a licitação ou a justiça precisa romper o contrato com a empresa e chamar a próxima”, destacou a denunciante.
A denúncia aponta ainda que o sistema de informática utilizada no Pronto Socorro seria arcaico.
POUCOS FUNCIONÁRIOS – Sem médicos, a informação é que a então coordenadora, Andressa Machado, teria dado plantões sozinha. “Nesses últimos dias ela deu plantão sozinha no PS. Apenas ela de médico o dia todo”, destaca a denunciante.
Mais a saída da coordenadora não seria o suficiente. Para a denunciante, uma mudança drástica teria que ocorrer no loca. “Enquanto não trocar toda a coordenação, o PS não vai melhorar”.
Ainda segundo a denúncia, os funcionários do local estariam trabalhando no limite. Alguns estariam pedindo constantes afastamentos, sendo que eles acabam não sendo substituídos. “Tá muito complicado a situação. Muitos funcionários afastados, não estão repondo. O psicológico já não está mais aguentando. A população xinga, ofende, briga com toda razão, só que os funcionários somos os menos culpados”.
“Funcionários sem vontade trabalhar, faltam, pegam atestado e a coordenação diz amém pra tudo e a população que paga a conta. Somos humilhados, só que a população fica revoltada com toda razão”.
A denunciante revelou, ainda, que o PS não teria técnicos e enfermeiros suficientes para medicar os pacientes. “Não tem enfermagem suficiente para medicar, não tem médicos. As pessoas esperam 2, 3 horas para tomar uma injeção. Tem apenas 2 ou 3 funcionários para coletar exames, fazer medicação, dar banho, fazer internação, levar na Santa Casa para tomografia”, desabafou.
Foi revelado também que funcionários estariam com Covid e que os mesmos não estariam sendo testados. “Tem funcionários com Covid, não testam a gente. Ou fazemos particular ou precisamos ir no ambulatório”.
Crianças estariam dividindo espaço com pacientes contaminados com coronavírus. “O PS está um caos. Pacientes com Covid em tudo quanto é sala. Crianças doentes no meio dos contaminados e esses “defensores do povo” ficam brincando de governar. Revolta isso”, desabafou.
Segundo dados da Secretaria de Saúde, 26 pacientes estão internados no Ponto Socorro Municipal aguardando vaga para internação na Santa Casa, sendo que 1 deles está intubado.
RECLAMAÇÕES – Na terça-feira, dia 25, uma idosa ficou revoltada com a demora no atendimento na unidade de saúde.
Segundo informações, a idosa reside no Balneário Costa Azul, na represa de Jurumirim, a saiu de casa em busca de atendimento no PS local. Revoltada, ela falou sobre os poucos médicos que estão atendendo na unidade.
“Só 3 médicos para ficar toda essa turma parada (aguardando atendimento). É mais fácil pagar uma consulta do que vim nessa porcaria aqui. Eu preciso disso aqui. Agora chega aqui e fica parado. Falam pra ficar em casa e quando precisar vir ao Pronto Socorro, mas quando precisa não é atendido”, disse em um vídeo gravado pelo vereador Marcelo Ortega e que viralizou nas redes sociais.
A idosa disse ainda que não procura o PS por brincadeira. “Ninguém vem aqui por brincadeira, todo mundo está aqui porque precisa. Depois que morre não precisa mais de médico”, disparou.