Por 7 votos a 6, a Câmara de Avaré aprovou, durante sessão extraordinária realizada na sexta-feira, dia 16 de julho, o projeto de lei que concede o título de cidadão avareense ao radialista Rodivaldo Ripoli, que foi o primeiro vereador cassado da história da cidade.
Além de ser cassado, Ripoli foi repudiado pela Câmara em 2017, com o voto do vereador Flávio Zandoná, que hoje preside o legislativo.
Foram contrários a concessão do título os vereadores: Marcelo Ortega, Adalgisa Ward, Bel Dadário, Hidalgo Freitas, Tenente Carlos Wagner e Luiz Cláudio. Foram favoráveis, Leonardo Rípoli, filho do homenageado, Roberto Araújo, Magno Greguer, Carla Flores, Ana Paula e Jairinho do Paineras.
Coube a Zandoná desempatar e mesmo repudiando o radialista em 2017, ele acabou votando favorável a homenagem, fechando a votação em 7 a 6. O vereador Luiz Cláudio chegou a pedir que Leonardo Rípoli não votasse, pois é filho do homenageado e interessado no projeto, mas não teve seu pedido aceito pela presidência.
O título somente foi concedido devido a uma manobra que ocorreu na mudança do Regimento Interno da Câmara. Antes da alteração, para que a honraria fosse concedida, era necessária a aprovação da maioria absoluta dos vereadores, ou seja, de 9 votos.
Porém, a mudança permitiu a aprovação de títulos de benemerência e cidadania apenas por maioria simples.
ILEGAL – Porém, segundo apurado pelo A Voz do Vale, a concessão do título deverá parar na justiça, pois afronta o artigo 28, parágrafo IX da Lei Orgânica do Município, que sobrepõe o Regimento Interno da Câmara.
O parágrafo IX destaca que: “conceder título de cidadão honorário ou qualquer outra honraria ou homenagem a pessoas que reconhecidamente tenham prestado relevantes serviços ao município ou nele se destacado pela atuação exemplar na vida pública e particular, mediante decreto legislativo, aprovado pelo voto de, no mínimo, dois terços de seus membros”, ou seja, de 9 votos.
CASSADO – Em 2013, os vereadores de Avaré aprovaram a cassação do mandato do vereador Rodivaldo Ripoli. Ele foi acusado de quebra de decoro parlamentar.
A Comissão Processante que investigou a denúncia atuou por 90 dias. Os trabalhos começaram após Rípoli ter dito em um programa de rádio que comandava palavras consideradas preconceituosas.
A CP foi instaurada depois de uma denúncia protocolada na Câmara em abril de 2013, que acusada o então vereador de ter falado palavras consideradas preconceituosas em seu programa de rádio.
“O cara que fala que tem depressão e tem tudo na vida, isso é coisa de viado”, esta é a declaração que o vereador Rodivaldo Rípoli fez no início de 2013 na rádio.
O resultado foi a cassação do mandato de vereador de Rípoli na última semana. “O vereador foi convocado antes mesmo de a casa entrar em recesso, entretanto, ele não apareceu, tampouco nenhum dos advogados que o representava. Ele sumiu, tentamos de várias maneiras falar com ele. Foi até publicada no Diário Oficial a convocação dele para a audiência”, explica a presidente da Câmara dos vereadores de Avaré na época, Bruna Silvestre, que é a atual vice-prefeita.
Ripoli acabou sendo defendido por uma advogada indicada pela OAB, porém não conseguir convencer os vereadores a cassassem o mandato do então vereador.
Danilo Burini, presidente do Amigos em Defesa do Cidadão e da Criança (Adeca), foi o responsável por protocolar o pedido da comissão. Na época, Burini se disse satisfeito com o resultado da votação.