Petista revelou ainda que o grupo dos vereadores que formam a oposição ao governo de Jô Silvestre não estaria mais unido e que haveria um racha entre os parlamentares; Ele disse ainda que estaria praticamente fora do grupo e que trabalharia de forma independente
“Hoje esse grupo não está mais unido e tem um racha”. A declaração foi proferida pelo presidente da Câmara de Avaré, vereador Barreto do Mercado durante entrevista exclusiva concedida ao jornal A Voz do Vale na quinta-feira, dia 12 de dezembro. O petista falou de diversas polêmicas envolvendo seu nome e não escondeu sua insatisfação com o chamado G7, que é o grupo de sete vereadores que formam a oposição do governo de Jô Silvestre.
Ele afirmou que praticamente estaria deixando o chamado grupo dos 7. “De 100% posso afirmar que em 85% estou deixando o grupo dos 7. Vou fazer o meu trabalho individual. Não adianta mais sentar para tentar resolver essa situação. É uma questão que eu tenho pensado bastante, tenho pensado muito nisso e sou homem para assumir meus acertos e erros e quando você vê algo muito intencional, bombardeando, não é legal isso”.
Barreto revelou que o grupo não está mais unido e revelou um racha entre os oposicionistas. “Hoje esse grupo não está mais unido e tem um racha e eu não tenho que esconder isso de ninguém. Eu me sinto desconfortável e isso não é segredo para ninguém e por isso venho recebendo algumas críticas”.
O petista também falou de outras polêmicas, como ter pautado a votação de projetos de doação de áreas ainda este ano, sua visita ao camarote do prefeito Jô Silvestre durante a Emapa e de um suposto fogo amigo que ele estaria enfrentando. “O grupo começou muito bem, mas é que nem um casamento, vai desgastando por algumas coisas. Eu não sou o dono da verdade, posso ter cometido alguns erros, mas também cometeram vários erros também comigo”. “O único vereador aqui que responde com seus bens, sou eu e quando eu vejo algo acontecendo que pode colocar em risco o meu patrimônio e a minha integridade, eu tenho que me cuidar e é o que está acontecendo e tem algumas coisas que eu não concordo”, completou.
DESCONFORTO – Barreto revelou ainda seu desconforto na presidência do legislativo e elogiou o quadro de funcionários efetivos. “Eu me sinto desconfortável na presidência (da Câmara). Eu recebo muito apoio do quadro de funcionários efetivos. Todos não medem esforços para me ajudar e eu tenho um bom relacionamento com todos eles. O problema que a gente tem é entre o grupo (de oposição). Hoje esse grupo não está mais unido e tem um racha e eu não tenho que esconder isso de ninguém. Eu me sinto desconfortável e isso não é segredo para ninguém e por isso venho recebendo algumas críticas”.
Para ele, algumas “conversas paralelas” envolvendo os vereadores oposicionistas teriam feito ele se afastar do grupo dos 7. “Quando entrei no grupo eu defendia muito, mas quando eu vi que estava tendo muitas conversas paralelas na qual não podia participar, eu comecei a me afastar e algumas coisas começaram a me incomodar, como coisas que a gente não fez. O que eu fiz eu assumo”.
Barreto falou também em decepção e que se pudesse voltar no tempo não colocaria seu nome à disposição a presidência da Câmara. “Se fosse hoje a data para indicar nome a presidência da Câmara, eu não sairia, porque eu me decepcionei muito. Eu creio que estou tendo um fogo amigo, não tenho como provar ainda, mas eu creio que está sendo”.
USADO – O presidente da Câmara disse ainda que estaria se sentindo usado e que não haveria mais um elo entre os vereadores da oposição. “Eu me sinto usado. Pode ser que não, mas é o que sinto. Já fizemos umas três reuniões com o grupo e não mudou nada. Eu não vejo necessidade, para resolver coisas internas, uma reunião do grupo. Não tem mais esse elo, essa liga”.
Ele indicou que estaria detectando algumas situações que estariam deixando ele desconfortável. “Eu não sou bobo. Eu tenho uma experiência muito grande de vida e consigo detectar o que está acontecendo em volta das coisas. Ninguém nunca vai ver eu metido em maracutaia. Ser alguém escrever ou escreveu isso é mentira. Sempre trabalhei honestamente e sempre andei de cabeça erguida. Com muito orgulho eu sou um comerciante, mas se precisar trabalhar em algo pesado ou em outra função eu vou, pois não vou escrever coisas erradas no livro da minha vida. Se alguém quiser atrapalhar a minha vida (pessoal) vai arrumar desconforto comigo”.
Durante a entrevista, Barreto reafirmou que trabalhará de forma independente e que sua saída do G7 não indicaria um apoio a atual administração. “Não é porque estou deixando o grupo dos 7 que estarei indo do lado do prefeito. Vou fazer o meu trabalho de forma independente. Vou trabalhar em prol desta Câmara e dos funcionários efetivos, pois quem toca essa Casa não é vereador e nem cargo comissionado não. Quem toca essa Casa são os efetivos, eles são as pilastras da Câmara de Avaré. Todos os concursados”.
Sobre as críticas que vem recebendo, o petista disse estar tranquilo. “Muitas pessoas que estão criticando e falando que estou indo do lado do Jô Silvestre, são pessoas que ajudaram, com críticas ao governo do Poio (Novaes), a eleger este governo que está ai hoje. Estou muito tranquilo, pois estou fazendo o meu papel de um presidente da Câmara sem partido. Meu partido é Avaré. O meu grupo é Avaré”.
ACORDOS – Barreto também revelou que o acordo firmado pelos vereadores da oposição não estaria sendo cumprido. Ele também falou sobre sua chateação em relação a críticas a qual envolvem sua família. “Todo acordo é uma mão de via dupla. A partir do momento que um lado não está cumprindo o acordo, ele pode ser rompido. O que me machuca e me deixa preocupado é de me colocarem em uma situação desconfortável e tem situações onde estão mexendo com coisas da minha família e isso me deixa muito chateado. Pode de falar de mim como político, mas não a minha vida pessoal”.
Ele relembrou suas divergências políticas com o ex-vereador Denílson Ziroldo, mas destacou que nunca houve falta de respeito entre ambos. “Tive várias divergências com o Ziroldo, onde ele era contra o governo de Poio Novaes a qual eu apoiava, mas nunca faltou o respeito e meu grupo elegeu ele como presidente da Câmara em 2016”.
SEM CABRESTO – O presidente do legislativo afirmou não aceitar “cabresto”. “Sou grato a esse grupo que me elegeu, mas nós fizemos uma parceria de andarmos juntos, de termos a mesma convicção, mas no decorrer do tempo as coisas foram saindo dos trilhos, pois vou fazer as coisas do meu jeito. Eu não tenho e não aceito cabresto. Sou um cara de diálogo, mas não tenho cabresto”.
DOAÇÃO DE ÁREAS -Barreto também falou sobre os projetos que foram protocolados pela Prefeitura que visam a doação de áreas no município a empresários. Ele explicou o porquê de ter pautado a votação dos projetos para o dia 18 de dezembro.
“Quando o projeto é protocolado, eu dou andamento, encaminho para as comissões, para o jurídico e acompanho o andamento. Quando o projeto chega as comissões não tem como eu intervir e não posso fazer isso, pois é o trabalho do vereador que está na comissão. Sobre o projeto das doações, eles (Prefeitura) achava que esses projetos poderiam ser votados até março (de 2020), porém, devido as eleições de 2020, os projetos tem que ser votados ainda este ano”.
“Quero deixar claro que não fico olhando as pastas pra ver quem serão os beneficiados com os terrenos. O que interessa é o projeto em si. Recebi os projetos, a secretária (Sandra) trouxe toda a documentação. A doutora Letícia, que é a procuradora do legislativo, iria entrar em férias e não teria ninguém para dar o parecer jurídico. Então, ela deu os pareceres na semana passada e encaminhou as comissões que é o caminho correto e os projetos estão nas comissões. Se as comissões vão dar parecer para a tramitação, não é um problema da presidência”, completou.
VOTAÇÃO COM O JÔ – Questionado sobre situações a qual ele teria se posicionado ao lado do prefeito Jô Silvestre em votações, Barreto se defendeu. “Eu votei duas vezes em situações que acabaram sendo favoráveis a atual administração. Um dos votos, que falam que foi favorável ao Jô Silvestre, foi o requerimento da Adalgisa (Ward) sobre o transporte escolar e algo que eu já vinha trabalhando a uns três meses. Na época ela já tinha feito uma denúncia ao Ministério Público e depois de 15 dias ela quis fazer uma nova denúncia, depois de receber um áudio que ela achava que eu tinha participado da reunião e eu nem apareci lá, não estive presente”.
Barreto falou também de sua visita ao camarote do prefeito Jô Silvestre durante a 51ª Emapa, que terminou na última semana. “Esse assunto precisa ser muito bem esclarecido. Eu sou contra a algumas coisas da festa, mas não totalmente contra a festa. Eu vou todos os dias na Fampop e qual a diferença de eu ir na Emapa? O prefeito enviou um ofício para que os vereadores que quisessem pulseiras da festa teriam que retirar com ele no Paço Municipal e eu achei que era para expor o vereador e eu resolvi não ir buscar. Ocorre que no fim da tarde do dia 29 de novembro o prefeito me ligou, disse que precisava falar comigo e que estava em seu gabinete que ele montou no Parque de Exposições naquela semana. Eu fui e ele me deu um kit da festa e pediu para que eu prestigiasse a festa, pois a festa é do povo”.
Barreto afirmou que foi somente um dia a festa. “Eu acabei indo no show do Rick e Renner, que ocorreu na quarta-feira (dia 4). Eu estava em meu camarote (96) e vi o prefeito que saiu do seu camarote e veio até o meu acompanhado de alguns vereadores da base: Morelli, Alessandro Rios, Jairinho, Ivan e o Estati. Cumprimentou a todos que estavam comigo e agradeceu de eu ter ido prestigiar a festa e ele pediu para que eu retribuísse a visita visitando o camarote dele. Depois de uma hora eu resolvi e ir lá com minha esposa e cinco camarotes antes do prefeito estava o pai dele (o ex-prefeito Joselyr Silvestre) e fui bem recebido. Somente cumprimentei o ex-prefeito. Foi coisa de 10 segundos. Cumprimentei e sai e fui até o camarote do prefeito. Cumprimentei todos, conversei com ele por uns 5 minutos e foi só isso. Não é porque eu fui no camarote do prefeito que estou do lado dele”.
Questionado sobre um possível apoio do atual governo, Barreto afastou essa possibilidade. “Até o momento não tem condição alguma de apoiar o prefeito, mas eu tenho que pensar em Avaré. Se o prefeito protocolar um projeto na Câmara que for bom para Avaré eu quero ter a liberdade de votar como eu penso e é assim que eu vou fazer”. “Eu acredito que é impossível o PT apoiar o atual governo. O PT pode ser uma terceira via na eleição do ano que vem. Nas reuniões que tivemos a decisão foi de que o PT vai caminhar com as próprias pernas, mas as coisas podem mudar”, completou.
O vereador fez questão de agradecer seu companheiro de partido. “Tenho muito diálogo com o vereador Ernesto (Albuquerque). É um parceiro, me defende em todas as questões. Eu não tenho tomado decisões mais drásticas por causa dele”. “Eu tenho diálogo com todos os vereadores e talvez por eu ser muito receptivo ao grupo que apoia o prefeito, acabou sendo criticado. Eu não preciso fazer denuncismo, ficar vasculhando as coisas. Acredito que as denúncias são naturais e todas que fiz contra o prefeito foram acolhidas pelo Ministério Público e deu consequência, pois foram denúncias bem fundamentadas”.
Finalizando, Barreto falou o que espera de 2020 na presidência do legislativo. “Em 2020 eu espero concluir as obras na Câmara, como pequenos reparos e a instalação do nosso arquivo. Esse arquivo ficará à disposição da população, pois faz parte da história de Avaré. E também foi fazer a reforma, pois é uma recomendação do Tribunal de Contas, para que em 2020 a gente possa renovar nosso AVCB”.