Segundo informações publicadas pelo portal UOL na semana passada, o preço da carne bovina apresentou alta nas 17 capitais brasileiras pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos em novembro. O maior aumento foi registrado em Vitória, onde o preço da carne de primeira subiu 19,37% entre outubro e o mês passado. Em São Paulo, o preço da carne ficou 2,39% mais caro no mês passado, de acordo com o Dieese.
No acumulado em 12 meses, os aumentos variaram de 1,3% em Campo Grande para 30,81% em Florianópolis. Segundo a entidade, fatores responsáveis pelo avanço dos preços foram, dentre outros, o aumento no volume da carne exportada para a China, o alto custo de reposição do bezerro por causa do período de entressafra bovina e o dólar caro em relação ao real, que estimulou as exportações. Para conhecer o cenário na cidade de Avaré, a reportagem conversou com representantes dos supermercados Jaú Serve, Saladão e Pinheirão.
Segundo informes repassados pelos departamentos de compras das três redes, as vendas caíram significativamente nos últimos períodos, chegando a 40% do esperado. Neste período, o consumo da proteína bovina passou a ser desdenhado em detrimento de outros produtos, como as carnes de frango e porco devido a estas terem tido uma alta menor, cerca de 10%. Porém, uma alternativa encontrada pelos consumidores foi a utilização de ovos nos cardápios. De forma geral, também os cortes mais baratos – dianteiro – foram afetados pela elevação dos valores, impossibilitando um aumento em sua comercialização de forma geral.
A esperança do setor repousa na chegada das Festas de Final de Ano, quando a população, tradicionalmente, gasta mais devido às reuniões familiares e comemorações em geral: os informes das três empresas apontaram essa expectativa, além de acreditarem no aquecimento devido à procura de carnes específicas para as festas de final de ano, como aves, pernil e tender; vale destacar que estes produtos também tiveram uma alta em torno de 10% em relação ao ano passado, mas as compras já estavam negociadas.
Nesta semana, a arroba do boi foi negociada em R$230 e para o próximo mês de janeiro está cotada a R$215.
AÇOUGUES MENOS IMPACTADOS – A reportagem também conversou com o representante de um açougue da cidade. Segundo Antonio Segarra Júnior, proprietário da Casa de Carnes Segarra, o impacto nas vendas foi sentido parcialmente devido a aspectos particulares. “Em conversa com amigos do setor, chegamos à conclusão de que, no pior momento de crise, tivemos uma queda de aproximadamente 20% nas vendas. Os efeitos não foram tão fortes, em nossa empresa, por termos nosso próprio gado, que é devidamente abatido em frigoríficos de nossa confiança’, destacou.
Como nos demais estabelecimentos, o consumo foi compensado pela substituição por carnes suínas e de frango, que tiveram uma alta bem inferior. “No entanto, sentimos que a tendência, daqui para o final do ano, é uma estabilização e retorno do consumo normal”, disse o empresário, que também alimenta esperanças quanto ao final de ano. “É histórica a elevação do consumo de carne durante as festas e, devido a isso, sabemos que as vendas voltarão a se aquecer neste período. Porém, não temos expectativa para os meses seguintes, especificamente janeiro, um período complicado devido à chegada de muitas das contas feitas nos meses anteriores”, comentou. (Foto Pinheirão: José Reynaldo da Fonseca).