Uma moradora de Avaré, indignada com a falta de diagnóstico para o filho autista de 4 anos, utilizou as redes sociais para relatar o descaso enfrentado junto à Prefeitura e ao setor de Saúde.
Há três anos em busca de um diagnóstico, a mãe também denunciou a falta de preparo das creches municipais para crianças com autismo.
“Eu não sou de me expor e muito menos sair por aí falando da minha família, mas como dói passar por certos tipos de situações por causa de descaso. Resolvi vir aqui através das redes sociais para mostrar minha face, porque para o meu filho eu sou uma leoa”, publicou J.S.
Na postagem, ela relata a luta para conseguir o diagnóstico do filho. “Há cerca de 3 anos estou buscando um diagnóstico para o meu filho, que tem hipótese de autismo. Estou continuando a luta para fechar o laudo, porque tendo o laudo em mãos fica mais fácil o destino do tratamento”.
Ela critica a burocracia para conseguir um laudo. “Passa no pediatra para encaminhar para o neuro. O neuro manda encaminhamento na fonoaudióloga (que demorou 2 anos para eu conseguir). Encaminhamento para fazer eletroencefalograma (aqui em Avaré não tem, tenho 2 guias lá e já tem quase 3 anos na espera). Encaminhamento para Terapeuta Ocupacional (já passei em 3 com 10 sessões). Encaminhamento para neuropsicóloga (a, mas não dá para passar porque ele ainda não fala. Gente, cadê a fonoaudiólogo mesmo? Depois disso tudo o neuro pede para voltar em 3 meses com os relatórios, sendo que minha espera é de 3 anos! Essa conta não fecha”.
Além disso, a munícipe também denunciou a falta de preparo das creches municipais para receber crianças com autismo. Ela destacou a falta de apoio e suporte nas escolas, que não estão preparadas para lidar com as necessidades específicas dessas crianças.
“Aí vem a escola falar que eu preciso voltar meu filho na fralda, porque ele ainda não pede para ir ao banheiro. Eu estou há 4 meses desfraldando meu filho, porém precisa levá-lo dentro de 1 hora e meia, duas horas. Isso aqui pra mim é uma grande vitória. Meu Deus, o que custa as abençoadas levarem 1 ou 2 crianças atípicas no banheiro dentro dessas condições? São 2 crianças atípicas, não 22, gente, me poupe”.
“Não estou indo atrás de quem limpe as necessidades do meu filho. Tudo bem, não é obrigação delas fazer isso e que para fazer as necessidades ele ainda não pede, mas eu avisei na reunião e pedi essa atenção a mais porque em casa estou ensinando ele e até acordar ele à noite a gente acorda pra levá-lo pro banheiro”, completou J.S.
A mãe relatou que a situação deixa um sentimento de descaso. “Isso dói um tanto dentro de mim que vocês nem imaginam. Cadê a ajuda que meu filho e outras crianças precisam, que não tem um ser humano pra ajudar a levá-lo no banheiro pra caminharmos juntos? Eu estou fazendo minha parte em casa pra dar a atenção que ele precisa na sua interação social. Isso é crueldade”.
Ela classificou o caso como descaso e vergonha. “Cadê o suporte nas escolas pros autistas? Eu tenho certeza que não é só eu que passo por isso. Descaso total uma vergonha e quem sofre com isso. Nós que vivemos na correria indo atrás pra fechar um laudo pra que eles tenham uma vida social justa e uma educação digna”.
Diante desse cenário de descaso e falta de estrutura, a mãe reforçou a importância de garantir que as crianças com autismo tenham acesso a uma educação digna e uma vida social justa. Ela enfatizou que é um direito dessas crianças receberem o apoio necessário para se desenvolverem plenamente.
O A Voz do Vale encaminhou questionamentos para a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, mas até o momento da publicação, o setor não havia se manifestado.