A operação da Polícia Federal que cumpriu mandado de prisão contra a ex-secretária de Saúde de Boituva (SP) Maria Cristina da Silva, também cumpriu mandados de busca e apreensão na prefeitura, na Secretaria e na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Recanto Maravilha, de acordo com informações divulgadas pela Polícia Federal.
Foram fiscalizados computadores e arquivos e apreendidos documentos ligados à Secretaria de Saúde.
A Polícia Federal vai analisar o material apreendido para investigar se há outros envolvidos em supostas fraudes em contratos de prestação de serviços médicos para a prefeitura de Araçoiaba da Serra (SP).
Segundo a Polícia Federal, além da ex-secretária, um médico e um ex-secretário de Saúde de prefeituras da região de Sorocaba (SP) foram presos na operação deflagrada na última quinta-feira (24), contra uma associação criminosa que fraudava contratos de serviços na área da Saúde. Os nomes deles não foram divulgados.
Ainda de acordo com a PF, foram expedidos pela Justiça nove mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão temporária de cinco dias.
Maria Cristina, ex-secretária de Saúde de Boituva, ficou no cargo por sete meses e foi exonerada em julho de 2016.
Ela teve a prisão decretada por supostas irregularidades em contratos de licitação com empresas que prestaram serviço em 2017, suspeita de ter recebido cerca de R$ 50 mil para favorecer a contratação de uma empresa que prestaria serviços médicos na cidade.
À TV TEM, a defesa da ex-secretária de Saúde disse que ela foi ouvida na Polícia Federal e depois liberada. Informou também que Maria Cristina é inocente.
Operação
Chamada de Iatrós, a operação da PF apura crimes de falsidade ideológica, fraude em procedimento licitatório, uso de documento falso, associação criminosa, corrupção passiva e corrupção ativa envolvendo médicos e ex-secretários da saúde.
De acordo com a PF, as investigações começaram em 2018 e apontam que os envolvidos teriam um acordo para efetivar a contratação de serviços médicos por prefeituras com fraudes e utilização de documentos falsos em processos de dispensa de licitação, além de corrupção de servidores públicos, envolvendo verbas federais.
De acordo com a polícia, havia um acordo entre os secretários de saúde e a empresa que pretendia prestar os serviços médicos para a cidade. Com isso, não houve processo de licitação e sim um acordo. Duas empresas apresentaram propostas para que o contrato fosse firmado.
Um dos médicos é justamente o dono da empresa escolhida, que prestou serviço para a cidade de Araçoiaba da Serra por seis meses. O outro médico, dono de outra empresa, não foi encontrado porque está viajando para o exterior e a PF já o considera foragido.
A PF informou que a investigação começou com um alerta feito pela Câmara Municipal de Araçoiaba da Serra, quando os vereadores chegaram a criar uma CPI para investigar a terceirização da Saúde no município.
O envolvimento de outras pessoas, entre elas servidores públicos, também é investigado. Isso porque em outra cidade, que não foi divulgada, a PF constatou que uma ex-secretária de Saúde teria recebido dinheiro para contratar determinada empresa.
A Polícia Federal também vai analisar os documentos apreendidos na Secretaria de Saúde e na Secretaria de Finanças de Araçoiaba da Serra e de Boituva. Além de documentos que estavam com as pessoas presas. Celulares e computadores foram apreendidos e levados para a sede da PF.
Os quatro presos já estão sendo ouvidos na sede da Polícia Federal de Sorocaba. Foi decretada a prisão temporária, por cinco dias, mas que pode ser convertida em preventiva. (G1 Itapetininga)