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O provedor da Santa Casa de Cerqueira César, Flávio Aparecido Glaser, foi denunciado na Delegacia de Polícia de Cerqueira César por possível falsificação de documento e por criar um cargo na instituição para benefício próprio, além de outras supostas irregularidades que teriam ocorrido durante o ano de 2022.
Em uma publicação na rede social, o munícipe Anderson Martins Borges, relata que o provedor teria criado um cargo, com salário de R$ 7500,00, para benefício próprio. “Foi levantada a questão de o provedor Flávio ter criado um cargo que foi ocupado por ele mesmo, com um alto salário, superior a R$ 7500,00, em desconformidade com o estatuto da entidade”, destaca.
Ainda segundo o denunciante, Glaser teria adulterado o registro da ata de uma assembleia ordinária para aprovar a criação do novo cargo. “Foi convocada uma assembleia ordinária para tal ato, porém o registro da ata foi negado pelo cartório, devido ser necessário, para este fim, uma assembleia extraordinária específica para o assunto. Mais o problema foi rapidamente resolvido pelo provedor, que sem pensar duas vezes alterou o edital e a ata, e pasmem, os registrou em cartório, de forma nada republicana”.
Para Anderson Borges, o provedor agiu para atender interesses próprios. “Traduzindo em miúdos, documentos públicos foram adulterados para atender aos interesses do provedor Flávio Glaser, que usou a lista de presença da assembleia ordinária como se fosse da extraordinária, que jamais ocorreu, e isso não pode acontecer dessa maneira, todos os ritos legais devem ser respeitados, sobretudo quando se envolve entidade que recebe recursos públicos como a Santa Casa”.
Em 2022, o provedor teria retirado o pagamento de insalubridade dos funcionários de diversos setores da Santa Casa. “No decorrer do ano de 2022, diversos funcionários, e agora ex-funcionários da Santa Casa nos procuraram para reclamar da retirada do pagamento de insalubridade de diversos setores, além de outras reivindicações”.
O denunciante relata que uma reunião chegou a ser realizada com Flávio Glaser para discutir o pagamento da insalubridade. “Diante disso foi marcada uma reunião com o então provedor Flávio Glaser, onde compareceram Ya Massola, o vereador William Araújo, Roberto Marchioni, eu e diversos colaboradores da entidade, onde foi solicitado o retorno do pagamento da insalubridade aos colaboradores, por motivos óbvios”.
Porém, segundo Anderson, o provedor não teria respondido aos questionamentos. “Nenhum dos questionamentos foram respondidos pelo provedor nesta reunião. Após isso, alguns requerimentos foram protocolados diante de denúncias que começamos a receber, referente a Santa Casa”.
SERVIÇOS SEM LICITAÇÃO – Na denúncia, Borges relata que Flávio Glaser teria convocado um funcionário de sua empresa particular para prestar serviços na instituição. Porém, a empresa não teria ganho uma licitação para realizar a obra.
“Um dos questionamentos foi com relação a mão de obra de um funcionário registrado da empresa do provedor, que trabalhou na Santa Casa, durante uma reforma, sendo que a empresa do provedor não ganhou nenhuma licitação ou tomada de preços. Em face do que foi relatado, procuramos o funcionário, que nos relatou ter prestado serviço, a pedido do seu patrão Flávio Glaser, e que somente recebeu o seu salário normal de todos os meses”.
O denunciante questiona se foi a Santa Casa quem bancou o salário do funcionário da empresa do provedor. “O que nos deixou dúvidas com relação aos recibos, visto que um deles, com data de 10/06 (2022) tinha um valor muito superior ao salário que o mesmo mencionou ter recebido a época. Será que foi a Santa Casa que arcou com o salário que deveria ser obrigação do Flávio através de sua empresa? E para onde foi a diferença do valor da nota, visto que o funcionário alega ter recebido um valor que representa menos da metade da nota”.
Anderson faz outra denúncia grave, de que Glaser teria assinado o recibo em nome do funcionário. “Detalhe, Flávio Glaser assinou em nome do funcionário, traduzindo em miúdos, falsificou a assinatura do rapaz num documento oficial”.
O denunciante relatou, ainda, que após um requerimento ter sido protocolado na Santa Casa questionando o fato, o provedor teria imprimido outro recibo e levado até o funcionário, para que o mesmo assinasse.
“Diante do requerimento que foi feito sobre o tema, Flavio Glaser reimprimiu o recibo em 01/12 (2022), e aí então, levou para o funcionário assinar em casa. Vejam as fotos, mostram os dois recibos, o da assinatura falsificada, e o reimpresso em 01/12. Pergunto: O que leva o provedor de uma Santa Casa a assinar documentos em nome de outras pessoas? Será que não sabia que isso é contra a lei? Tirem suas conclusões”, postou.
DOCUMENTO NAS CALÇAS – Em reunião realizada em dezembro do ano passado, Flávio Glaser teria assumido ter assinado o documento em nome do funcionário. Porém, segundo o denunciante, após ser questionado ele teria pego o documento e colocado em suas calças.
“Houve uma nova reunião na Santa Casa na qual o provedor Flávio assumiu ter assinado em nome do funcionário e que não vê problema algum nisso, assim como não viu problemas na ata adulterada, mas ficou apreensivo, tanto que quando questionado pegou o documento adulterado por ele e colocou dentro das calças. Somente devolveu quando informamos que iríamos acionar a polícia. Isso não pode, gente, documentação para ser assinada só pode ser pelo titular, ninguém pode assinar qualquer documento no meu ou no seu lugar”.
Um dia depois, Glaser teria convocado outra reunião, na qual renunciou ao cargo. “Em 02/12 (2022), Flávio Glaser convocou outra reunião com a diretoria na qual renunciou ao cargo de provedor e também pediu demissão do cargo de diretor, após ouvir apontamentos do presidente do conselho fiscal Geraldo Malaquias”.
Porém, mesmo após ter renunciado ao cargo, Glaser voltou a provedoria da Santa Casa, “Curiosamente, ele retornou à provedoria após a própria renúncia. Algo impensável, uma novidade”.
Anderson Borges afirmou que todas as provas foram entregues na Delegacia na denúncia crime. Documentos também foram protocolados na Prefeitura, Secretaria de Saúde e na Câmara Municipal de Cerqueira César.
“Esses são apenas alguns dos inúmeros fatos que estão ocorrendo em nossa Santa Casa. Salientamos que ontem toda a documentação e demais provas foram entregues ao delegado como notícia crime, na Prefeitura de Cerqueira César, Secretaria de Saúde do município e na Câmara de Vereadores para que todos os membros do legislativo tenham ciência dos fatos”.
OUTRO LADO – O A Voz do Vale tentou contato com Flávio Glaser na sexta-feira, dia 20 de janeiro, via WhatsApp. Foram encaminhados 6 questionamentos, porém, até a publicação da matéria, ele não havia se manifestado.
O jornal deixa o espaço aberto para a manifestação do provedor da Santa Casa de Cerqueira César, Flávio Aparecido Glaser.
Confira documentos que foram publicados na rede social e anexados a denúncia: