Desde a última semana Avaré vem registrando um aumento no número de pessoas que deixaram o isolamento social e estão transitando pelas ruas da cidade, principalmente na área central.
Grandes filas tem se formado, principalmente em bancos. Porém, com o novo decreto do prefeito Jô Silvestre liberando atendimentos nas casas lotéricas, o movimento aumentou ainda mais e, consequentemente, enormes filas vem se formando.
O A Voz do Vale saiu as ruas na manhã desta quarta-feira, dia 8 de abril, e verificou uma grande movimentação de pessoas e veículos. Até lugar para estacionar os carros é difícil de encontrar.
Em entrevista ao Tem Notícias da região de Itapetininga, o secretário de Saúde de Avaré, Roslindo Machado disse que o brasileiro gosta de filas e que não há necessidade de todos irem as agências bancárias ao mesmo tempo.
Ele disse ainda que a população não gosta de obedecer e que depois não adianta cobrar as autoridades. “As desculpas são as mais variadas possíveis e não há necessidade disso. Se passarem pelos bancos, vai se verificar filas enormes e a tarde não tem mais ninguém. É a mania do brasileiro de procurar fila, gostam de filas e não gostam de obedecer. Ai depois se acham no direito de reclamar, que o prefeito não tomou providências, que o secretário não tomou providência e muito pelo contrário. Nossas providências nós estamos tomando”.
Roslindo destacou que a Secretaria de Saúde vem tomando diversas atitudes para evitar aglomerações. “Nós cancelamos as consultas de rotina, o Pronto Socorro nós limitamos somente para urgência, suspendemos os exames laboratoriais, exames de imagem que não sejam de urgência. Diminuímos o fluxo de pessoas nos nossos equipamentos de saúde. Conseguimos fazer com que a população se mantivesse isolada e não tivesse as aglomerações”.
Porém, o que vem se constatando é aglomerações nas agências bancárias e nas casas lotéricas do município.
RELAXAMENTO – O Governo paulista registrou na terça-feira, dia 7, 67 novos óbitos nas últimas 24 horas, um recorde. Com isso, um total de 371 pessoas já morreram no Estado mais populoso do Brasil por causa do novo coronavírus, segundo o levantamento oficial, com 5.682 casos confirmados da doença.
Apesar de a cidade de São Paulo ser o epicentro da Covid-19 no Estado e no Brasil, a preocupação do Governo João Doria (PSDB) vem recaindo nesta semana em cidades do interior, onde as medidas de isolamento social vêm sendo menos efetivas, com registros de maior circulação de pessoas do que na capital, segundo os dados de mobilidade analisados pela Universidade Estadual Paulista (UNESP).
De acordo com um estudo feito pela instituição, a Covid-19 vem chegando a centros regionais fora da capital paulista a partir dos principais eixos rodoviários e têm potencial para atingir localidades nos arredores em “efeito cascata”.
Os pesquisadores da UNESP, que integram o Centro de Contingenciamento do Coronavírus do Estado, se debruçaram sobre vários dados e estudos do IBGE para identificar os principais eixos rodoviários que ligam a capital paulista a outros polos regionais do Estado. “Na medida que o tráfico aéreo foi interrompido, essa difusão se dá pelo asfalto por esses eixos e num efeito cascata”, explica o professor Raul Guimarães, do Laboratório de Geografia da Saúde na UNESP. O levantamento identificou 13 municípios de médio porte que são o destino da Covid-19: Araçatuba, Araraquara, Bauru, Campinas, Marília, Piracicaba, Santos, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba e Votuporanga.
“Então, para além da metrópole, estão aparecendo casos nesses 13 principais centros e, em seguida, em municípios predominantemente urbanos que tem forte relação com esses centros”, acrescenta Guimarães. De acordo com o professor Carlos Magno, epidemiologista da Faculdade de Medicina da Unesp (Botucatu), trata-se, em primeiro lugar, de um “modelo hierárquico”, em que coronavírus faz seus principais “saltos” da metrópole para outras cidades a partir desses eixos; e depois, “um modelo de contiguidade”, em que o vírus se espalha para as localidades vizinhas.
Até agora, dos 645 municípios do Estado, 121 já possuem ao menos um caso da covid-19. Isto é, 20% do total. Por ora, os municípios rurais do entorno não vem registrando muitos casos. “Mas é uma questão de tempo. A partir do momento que espalhar, você entra naquela fase descontrolada [da epidemia]”, alerta Guimarães, para quem apenas as medidas de isolamento social poderiam frear a dispersão pelo interior.
Essa foi uma das motivações de Doria para estender a quarentena por mais 15 dias, até o dia 22 de abril. De acordo com o professor Magno, a taxa de isolamento social na capital paulista gira em torno de 60%, mas cai para pouco mais de 40% em cidades do interior. A média do Estado ficou em 54%. “A orientação é aumentar o rigor. Se houver necessidade de mais medidas restritivas não teremos hesitação em fazer”, afirmou o governador em coletiva de imprensa nesta segunda-feira. O professor Magno acredita que existe “uma falsa sensação de segurança” no interior, o que reduz “a eficácia da mensagem de isolamento”.
Durante a coletiva de imprensa, Doria ainda avisou que a Polícia Militar está autorizada não só a dar orientações como também evitar aglomerações, lançando mão de medidas coercitivas que podem, inclusive, “penalizar as pessoas com penas previstas em lei” e “levar à prisão”. São medidas como essa que, segundo Magno, explicam a importância de identificar a dinâmica da expansão do coronavírus. “Você não vai poder colocar medidas de vigilância nos 645 municípios, mas você pode escolher os 30 mais relevantes nos quais, se houver um grande isolamento social, você protege os vizinhos”, explica o professor da UNESP. Ainda nesta semana, o Ministério da Saúde falou em flexibilizar as medidas de isolamento em cidades menores onde menos de 50% da rede de saúde esteja comprometida.
Para o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, é preciso aumentar o distanciamento social em até 70% para evitar um colapso do sistema de saúde. “Se nós conseguirmos aumentar o distanciamento social, que estava em média de 54%, para 70%, o número de leitos no estado de São Paulo será suficiente para essa primeira onda epidêmica. Se nós não aderirmos a essa proposta do estado, nós teremos mais dificuldade com leitos”, afirmou nesta terça em coletiva de imprensa.