O caso da Susana Dias Batista, que foi abordada à luz do dia no centro de Itapetininga e achada morta no dia seguinte, em uma área de mata, chocou os moradores da cidade. À TV TEM, mulheres relataram um aumento na sensação de insegurança e desejo de andar na rua sem preocupações.
“A gente anda atenta toda hora, fica olhando, parece que piorou as coisas nessa questão de segurança. A gente não sabe onde está o perigo, na verdade. Todo lugar acaba sendo perigoso”, disse uma moradora.
Susana, de 47 anos, foi abordada no dia 17 de novembro na Rua Padre Albuquerque, no centro de Itapetininga. Ela tinha saído para almoçar com a picape da empresa onde trabalhava e câmeras de segurança registraram quando um homem entrou no veículo (veja abaixo).
De acordo com a Polícia Civil, o homem pediu que a vítima dirigisse e parasse no acostamento da Rodovia Vereador Humberto Pellegrini (SP-268), entre Itapetininga e Alambari. Em seguida, mandou ela entrar na mata e se despir para que ele pudesse revistá-la, para ver se não tinha dinheiro.
A polícia informou que, neste momento, o homem disse que ficou nervoso com a situação e a atingiu com uma pedrada na cabeça para fugir da cena do crime. No dia 18, Susana foi achada morta e seminua pela família que fazia buscas às margens da rodovia.
Raimundo Nonato da Silva Pessoa foi preso três dias depois pelo crime, após ser identificado por imagens das câmeras de segurança. Ele disse aos policiais que a intenção era apenas roubar a vítima e que não a estuprou, mas o crime ainda está sendo apurado pela Polícia Civil.
CRIMES – A morte de Susana ocorreu em novembro deste ano, mas entre janeiro e outubro, já tinha sido registrado um aumento de 6,3% nos crimes contra as mulheres no estado de São Paulo, em relação ao mesmo período de 2020.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o crime de ameaça foi o que teve mais registros, sendo 45.463 em 2020 e 48.157 em 2021. Os crimes de dignidade sexual tiveram um aumento de 78% neste ano, e os estupros tentados saltaram de 492 em 2020 para 925, um crescimento de 88%.
Em agosto deste ano, o g1 noticiou o caso de uma jovem de 29 anos que foi agredida por um pedreiro durante uma tentativa de estupro dentro da casa dela. O homem foi preso um mês após o crime e outras mulheres também relataram que foram vítimas de importunação sexual pelo mesmo homem.
Já em novembro, um outro homem foi levado à delegacia de Itapetininga depois de ser flagrado se masturbando na Praça Cônego João Blóes Netto.
Quatro dias depois, o g1 publicou o caso de uma jovem de 19 anos que denunciou o motorista de um carro branco por importunação sexual na Vila Hungria, e a postagem dela nas redes sociais teve milhares de visualizações.
ALTERNATIVAS – Por causa do aumento na criminalidade, muitas mulheres de Itapetininga estão buscando formas de se proteger. O dono de uma academia de artes marciais na cidade, por exemplo, contou que houve um aumento pela procura de aulas de defesa pessoal.
“Tenho recebido bastante procura, telefonemas, e o objetivo não é machucar, ferir alguém, mas aprender como o mais fraco pode se defender do mais forte. A defesa pessoal abrange toda a parte de agressão que pode ocorrer, como agarrar, agredir com chutes, socos”, explica Giovanni Minali.
A empresária Luizilene Garcia é uma das mulheres que decidiu se matricular na academia, três meses depois que colocou a filha de 7 anos para fazer as aulas. Ela disse que, depois da morte de Susana, começou a praticar o esporte com ainda mais intensidade.
“Falei para o professor que não queria fazer um exame porque é mais complexo, faixa azul, mas por causa desse motivo, eu mudei de ideia e fiz. Eu vou até o fim agora”, conta a moradora.
O dono de uma loja de Itapetininga contou à TV TEM que também percebeu um aumento na procura por artigos de defesa. Ele disse que o item mais vendido é um spray de limão com gengibre autorizado pelo Ministério da Defesa a ser vendido sem restrições.
“Cresceu uns 300% e quem está vindo fazer a compra são as mulheres. Também tem caso de pai de menina, namorado que vem comprar para a namorada, para a filha, mulher”, relata Francisco Giriboni.
O comerciante também explicou que os lojistas fizeram um grupo no WhatsApp para se comunicarem sobre a criminalidade em Itapetininga. Além de falar sobre os assaltos aos estabelecimentos, eles estão mais atentos para caso as mulheres precisem de ajuda.
“Qualquer mulher na rua que se sentir assediada ou em situação de perigo pode entrar nas lojas e pedira ajuda que, automaticamente, nós acionaremos a ‘vizinhança solidária’ e a polícia vai ficar sabendo do que ocorreu na região”, relata.
À TV TEM, a Polícia Militar informou que prevê uma operação com reforço do efetivo no fim do ano para combater todos os crimes em Itapetininga. Para qualquer situação, a PM deve ser chamada pelo número 190.
Fonte: G1