Em entrevista concedida ao jornal A Voz do Povo, da Rádio Cidadania FM, concedida na quarta-feira, dia 25 de agosto, o vereador Marcelo Ortega (Podemos) falou sobre o episódio que ocorreu na sessão da Câmara, realizada na segunda-feira, dia 23, onde todos os vereadores da oposição deixaram o plenário devido a atitudes, consideradas ilegais, que teriam sido praticadas pelo presidente da Casa, vereador Flávio Zandoná.
“A mesma angustia que as pessoas sentem em Avaré por ter uma Câmara comprometida com o interesse público e que o cidadão tem, nós também temos, pois queremos apresentar projetos e lutar pelos direitos, mas não estamos encontrando isso na Câmara. É muito angustiante chegar na Câmara e encontrar bloqueios. A cada sessão é uma surpresa que nos deixa indignados. A indignação do cidadão também é a indignação da oposição”, disse.
Para Ortega, a atitude de Zandoná em permitir que o secretário da Administração, Ronaldo Guardiano, fizesse uso da tribuna livre, teria ferido o Regimento Interno do legislativo. “O vereador Carlos Wagner usou do seu direito de cobrar e fiscalizar. No final da palavra livre chegou ofegante na Câmara o secretário da Administração (Ronaldo Guardiano) e o presidente anuncia que ele vai falar para colocar ele para rebater a fala do Tenente Carlos Wagner. O artigo 131 do Regimento Interno, parágrafos 5º e 6º, é claro, pois destaca que o secretário, em audiência, deve ser ouvido no expediente, antes da palavra livre para ser sabatinado pelos vereadores. Essa inversão do regimento, esse uso antidemocrático do argumento que o plenário é soberano, causou uma insatisfação geral. Foi uma palhaçada e um desrespeito com a determinação regimental”.
O vereador do Podemos revelou ainda não saber o que Zandoná está fazendo como presidente da Câmara. “A gente não sabe o que ele faz na cadeira mais alta da Câmara, pois não consegue conduzir com democracia. Além do plenário ser usado de forma equivocada, contrariando uma norma regimental, tem a questão do voto de minerva do presidente da Câmara, que somente tende para situações favoráveis ao prefeito”.
Ortega foi além e disse que o presidente do legislativo teria colocado a Câmara de joelhos ao executivo. “O presidente colocou a câmara de joelhos para o executivo, pedindo benção o tempo todo para o executivo. O presidente deveria proteger o vereador Carlos Wagner e não dar espaço para o secretário ir e falar daquela forma. Teria que agendar e o secretário poder falar, mas também poder ser questionado”.
AMBIENTE TENSO – O vereador revelou, ainda, que o clima na Câmara estaria tenso e que o episódio da última sessão, teria entrado para a história negativa do legislativo. “O ambiente hoje na Câmara é tenso. Esse episódio marca negativamente o legislativo, pois a Câmara tem que respeitar as leis. A Câmara, hoje, é sem leis e o presidente não tem preparo… Ele não privilegia o colegiado. Ele ignora metade da população e privilegia outra metade e usa o voto de minerva de forma antidemocrática, sem nenhum equilíbrio e derruba os projetos propostos pela oposição por simples questões políticas”.
Ele lamentou, ainda, a falta de transparência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga possível superfaturamento na compra de medicamentos destinados a tratar pacientes vítimas do coronavírus. As oitivas vem sendo realizadas de forma secreta, sendo que não vem sendo transmitida e, muito menos, divulgada. Membros da imprensa não são convidados a acompanhar os trabalhos desde que a CPI foi instaurada.
Sobre a Comissão Processante instaurada contra ele, Ortega disse que os trabalhos foram suspensos pela Justiça e que, até o momento, nenhum ato ocorreu. “Não tenho medo algum da CP, pois não fiz nada de errado e quero conhecer e ouvir a denunciante”.
Ele revelou ainda que uma procuração teria sido concedida ao advogado do legislativo para defender o vereador Magno Greguer em um mandado de segurança impetrado por Ortega contra a composição dos membros da comissão. A procuração seria ilegal.
Ortega destacou que outros pedidos de CPI poderão ser impetrados na Câmara nas próximas semanas, inclusive referente a empresa Arpoador, que forneceu cerca de R$ 3 milhões em peças de veículos, valor considerado alto.
Confira a entrevista completa clicando AQUI.