Um dos prédios mais antigos de Avaré e que é tombado pelo patrimônio arquitetônico, está abandonado. Fotos postadas em uma rede social mostram o antigo prédio do Fórum Velho sendo tomado por plantas e com sinais de infiltrações. A Prefeitura tem permissão de uso até o fim de 2020. Caso o município não manifeste interesse em continuar com prédio, o imóvel voltará a ser responsabilidade pelo Governo de SP.
“Em sua última reforma, o prédio recebeu o nome de Edifício Paschoal Bocci, numa homenagem ao insigne memorialista avareense. O local passou a abrigar o Museu Histórico e Pedagógico “Anita Ferreira De Maria” o qual foi transferido para o prédio da CAIC e, desde então, esse marco histórico da cidade está se perdendo, assim como a antiga estação e vários outros prédios que contam um pouco da história de nossa cidade. Nossa cidade tem um enorme potencial turístico, falta apenas um toque visionário e empreendedorismo, todos saem ganhando”, destacou o munícipe em uma postagem nas redes sociais.
O internauta é historiador e pediu maior atenção com os prédios históricos de Avaré. “Como historiador, ver imóveis antigos se perderem é como se rasgasse uma página da história de nossa cidade. “Quem sabe o próximo prefeito começa a enxergar o potencial que Avaré tem”, postou.
O imóvel, que apresenta elementos arquitetônicos em que predominam traços neogóticos, começou a ser construído em 1894. O espaço recebeu a Cadeia Pública até 1955. Já o Poder Judiciário saiu dali em 1969, ano em que nele se instalou a Delegacia de Ensino. Em meados dos anos 90, o espaço foi desativado por falta de conservação.
O prédio foi tombado em 1980 pelo Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado (Condephaat) graças aos esforços da jornalista e acadêmica Anita Ferreira De Maria.
No ano 2000, o governador Mário Covas deu permissão de uso do imóvel pela Prefeitura por 20 anos. Foi quando recebeu o nome de “Edifício Paschoal Bocci”, homenagem ao memorialista avareense. Desde então passou também a ser chamado de “Memorial de Avaré”.
Em 2005, o Museu Histórico passou a funcionar no antigo prédio. No entanto, o quadro de deterioração piorava: trincas nas paredes e avarias no telhado sinalizavam que o prédio poderia ruir caso não fosse feita uma restauração.
O imóvel de 126 anos apresenta paredes gravemente comprometidas por infiltrações e o teto pode desabar devido à falta de limpeza de calhas. Para uma avaliação mais criteriosa, no entanto, seria uma necessária inspeção técnica que verificasse o estado real do comprometimento de sua estrutura.
Também em 2005, sem consultar o Condephaat, o ex-prefeito Joselyr Silvestre deu início a uma reforma que acabou resultando numa ação judicial contra ele motivada pelas alterações causadas no imóvel tombado.
O Fórum velho permanece fechado desde outubro de 2015, quando o andar superior, atualmente escorado por uma estrutura, passou a demonstrar risco aos servidores e frequentadores do Museu Histórico, que retornou para CAIC na ocasião. Por fora, a situação não é melhor: as paredes apresentam infiltrações e as janelas estão depredadas.
FIM DO PRAZO– O Fórum velho está no centro de um impasse. A Prefeitura tem permissão de uso até o fim de 2020, mas não foram demonstrado empenho em mantê-lo ou promover ações no sentido de restaurá-lo.
Caso a Prefeitura não manifeste interesse em continuar com prédio, o imóvel retornará a ser administrado pelo Governo de SP. Caso o município não manifeste interesse em continuar com prédio, o imóvel voltará a ser responsabilidade pelo Governo de SP.
Situação oposta vive o antigo fórum de Botucatu. O imóvel da cidade abriga um braço da Pinacoteca do Estado, fruto de uma parceria entre Governo Estadual e município que garantiu o investimento de R$ 11 milhões.
Com 2.878 metros quadrados de área construída, o espaço conta com o Museu da Arte Contemporânea (Mac) “Itajahy Martins”, que reúne cerca de 300 obras de importantes artistas nacionais e internacionais
Já na parte superior, no antigo “Salão do Júri”, ficarão as exposições da Pinacoteca do Estado, que reúne obras de inestimável valor histórico para o país.
Em entrevista concedida pelo pesquisador Gesiel Júnior ao site Fora de Pauta em 2017, a Prefeitura não dispõe de meios para conservar o Fórum velho. Para ele, a solução é a devolução do imóvel ao Estado.
ESTAÇÃO VELHA – O prédio da antiga Estação Ferroviária, na Avenida Major Rangel, também está abandonado. A estação de Avaré foi inaugurada em 1896 como ponta de linha.
Em 1918, a estação foi fechada para cobrança de ingressos: “por ser impossível a cobrança de ingressos em Avaré, tornou-se necessário o fechamento do edifício da estação e parte do pateo”. Nessa época, “fechar” uma estação significava cercar o seu pátio e fazer uma entrada para controlar o acesso de pessoas a ela; no meio destas, pessoas que passavam diretamente para a plataforma e não pagavam as passagens. O fechamento resolvia, ou pelo menos melhorava muito, a situação.
Em 1939, foi entregue um novo prédio para a estação. Possivelmente, uma ampliação do prédio anterior com modificação dos torreões, que passaram de triangulares para arcos.
Com a retificação da linha na região de Avaré, em 1953, desativou-se a estação de 1939 e inaugurou-se uma nova no lado sul da cidade, para onde os trilhos foram transferidos.
Mais tarde, no leito por onde passavam os trilhos, construiu-se uma avenida, mas grande parte da vila ferroviária foi conservada e está lá até hoje.
A estação, em 2010, não estava bem conservada, estava parcialmente descaracterizada no lado da plataforma de embarque, e estava ocupada em parte por uma academia de esportes.
Em 8 de novembro de 2011, pegou fogo. O incêndio conseguiu ser controlado, mas ela já estava abandonada então. Em agosto de 2020, a estação, fechada, estava também totalmente abandonada.