A banda botucatuense Cafuá lança, na quinta-feira, dia 28 de abril, o videoclipe da música “Cafuá”, que leva o próprio nome da banda e é um convite para olharmos para nós mesmos e descobrirmos a nossa poesia.
A direção do videoclipe é de Marina Tavares e a ambientação do videoclipe é a cidade de Botucatu, onde residem os artistas, inclusive, os músicos criadores da Cafuá, Guilherme Chiappetta e Thiago Righi. A narrativa inicia em uma longa caminhada em meio ao campo-lar, num infinito de matas dos quais os olhos não conseguem alcançar para além da linha que a finda.
Nessa pulsão, os músicos do Cafuá logo convocam o espectador/ouvinte a uma prece em forma de dança e a música instrumental minimalista. “Som que se espraia em formato quase ritualístico, como uma oração muito particular, que nesta obra propõe-se a desvelar uma dança geradora de todas as nossas verdades: o sagrado da gestação em seus âmbitos feminino e masculino”, ressalta Chiappetta, que também assina a produção do videoclipe. E é sob essa força dual para, quem sabe, operar como um fragmento de cura diante de tantas feridas expostas da realidade do qual as humanidades hoje partilham.
Já para Thiago Righi, que compôs e arranjou a música Cafuá, a experiência da concepção e escrita da obra deu-se a partir de uma imersão no universo ritualístico e rítmico do Nyabinghi, e da influência sonora da obra A love Supreme, de John Coltrane.
Para a cultura Rastafari, o Naybinghi é uma oportunidade de união, de se reunir em grupo em exaltação e adoração; ao passo que, a obra seminal de Coltrane significou, para ele próprio, “um verdadeiro grito musical, influenciado por religiões africanas”. Bramido este que “lhe dizia haver algo maior do ele mesmo e maior do que todos nós, e que não estávamos mais sozinhos”. É dessa paisagem sonora e da fusão desses universos que surge a composição Cafuá.
O filme dirigido pela artista audiovisual Marina Tavares é protagonizado pela artista multimídia Cynthia Domenico, que ainda acolhia no ventre a Laura — também filha de Chiappetta. As duas convocam em meio ao campo os seus encantantes e conduzem o olhar da câmera para uma meditação onírica do maternar ligeiramente mimetizado à natureza que as cerca. Uma dica da banda é vivenciar a experiência de assistir Cafuá com o fone de ouvido e em seguida, ouvir a música novamente de olhos fechados usando os mesmos fones.
Durante o período de isolamento social, o Cafuá lançou um videoclipe em parceria com o bailarino, cantor e percussionista da Guiné, Djanko Camara e convocou artistas para que dançassem ao novo som em suas casas e a partir desse improviso surgiu o videoclipe Bembaliá, que também pode ser assistido no canal do Youtube da banda.
Já o estreante videoclipe Cafuá pode ser assistido a partir de 28 de abril, clicando AQUI e também na plataforma YouTube.