A 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a decisão que determinou que a prefeitura de Avaré e a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha não realizem mais as provas laçada de bezerro e laço em dupla na cidade. A multa estabelecida para quem desobedecer a decisão é de R$ 10 mil por evento.
Tradição trazida dos Estados Unidos, assim como as demais provas de rodeios do Brasil, na laçada de bezerro o peão persegue o filhote em cima do cavalo e após laçá-lo, o derruba no chão e depois amarra três pernas juntas. Já a prova do laço em dupla envolve dois cavaleiros que laçam o novilho no pescoço e nas patas traseiras.
Apesar dos envolvidos nessas práticas afirmarem que elas são uma “expressão artística e esportiva” e uma “manifestação cultural nacional”, o desembargador que julgou a ação proposta pelo Ministério Público mostrou opinião contrária em seu relatório.
“No conflito entre normas de direitos fundamentais – manifestação cultural e proteção aos animais/ao meio ambiente – deve-se interpretar de maneira mais favorável à proteção ao meio ambiente”, afirmou Ruy Alberto Leme Cavalheiro.
Ainda segundo o relator da ação, nem todas as práticas advindas de eventos com animais, como a prova de laço, devem ser preservadas simplesmente por tradição. “O evoluir da humanidade está justamente no aprimoramento de comportamento, ideias, hábitos, partindo para a melhoria da vida e para a preservação do meio ambiente e, consequentemente, dos animais. Deve-se evitar toda ação que possa implicar em lesão, considerando-se que nem toda lesão corporal é externa e imediatamente percebida”, ressaltou.
No Brasil, a organização Proteção Animal Mundial é uma das entidades que defende o fim das provas de rodeios que causam sofrimento e muitas vezes, até a morte de animais. Uma delas é justamente a de laço com bezerros. “Muitos animais saem da arena tetraplégicos ou mortos. Alguns rodeios internacionais e nacionais mais profissionais já aboliram esta prova”, disse Rosangela Ribeiro, gerente de programas veterinários da ONG.
“O rodeio não faz parte da nossa tradição. A prática foi importada dos Estados Unidos e não traz nenhum enriquecimento ou aprendizado cultural. Ninguém é contra a cultura do campo, as festas podem continuar com a música e a gastronomia do interior do Brasil, mas não precisamos submeter os animais aos maus tratos para o nosso simples entretenimento”, criticou.
*Com informações da ONG Olhar Animal